Gaza e a Bíblia
“Gaza era a maior prisão a céu aberto. Agora é o maior cemitério.”
– Josep Borrel, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros.
O primeiro-ministro de Israel, Sr. Benjamin Netanyahu, invocou a Bíblia para justificar as ações militares na Faixa de Gaza após os massacres de 7 de Outubro de 2023. Comparou mesmo a intervenção militar israelita em curso com o extermínio bíblico que o povo judeu praticou sobre os Amalequitas (1 Samuel 15:3) …
Mas será um argumento convincente? E será moral?
Os tempos são outros.
É claro que os livros sagrados, como por exemplo a Bíblia, são muito antigos, de tempos em que as mentalidades e os conhecimentos humanos eram próprios das épocas primitivas em que foram escritos. Desconhecia-se o que está no céu para além das nuvens; desconhecia-se que a Terra gira à volta do Sol; desconhecia-se que o Sol é uma estrela comum entre mais de 200 mil milhões de estrelas de uma galáxia comum, a Via Láctea, entre as muitas miríades de galáxias que povoam o nosso Universo; desconhecia-se que o universo se iniciou com uma explosão, o Big-Bang, há cerca de 14 mil milhões de anos; desconhecia-se a evolução das espécies; desconheciam-se os aviões, os telescópios, os satélites artificiais, as sondas espaciais, as viagens espaciais; estava-se longe da abolição da pena de morte; não havia direito internacional nem a Convenção de Genocídio, etc., etc., etc.
Soubessem o que se sabe hoje, as «alegorias dos poetas da Bíblia» seriam diferentes.
Mudam-se os tempos, mudam-se as mentalidades, mudam-se os conhecimentos, mudam-se as vontades.