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Pontos de vista

Pontos de vista

25
Out24

Leituras sobre Gaza e Ucrânia por Rosa Pinho

José da Praia

A revista eletrónica semanal “Sin Permiso” (<https://www.sinpermiso.info>) fundada em 2005, seleciona, com recurso a trabalho voluntário, artigos considerados relevantes na perspetiva da orientação da revista e de colaboradores dos dois lados do Atlântico, para que sejam divulgados. São então traduzidos para espanhol e publicados na revista com indicação das respetivas fontes originais.

Sou leitora assídua.

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1. Um artigo interessante desta semana, reproduzido do jornal inglês “The Guardian”, é da autoria do advogado Raji Sourani (<https://www.sinpermiso.info/textos/raji-sourani-gaza-amenaza-con-convertirse-en-la-tumba-del-derecho-internacional>), que foi defendido pela Amnistia Internacional (em 1865) como preso de consciência e recebeu os prémios Robert F. Kennedy (1991), o Right Livelihood (2013) e o da Asociación pro Derechos Humanos de España (2022). Fundador em 1995 do Centro Palestino de Direitos Humanos, ficou com a sua casa em Gaza destruída por um ataque aéreo israelita nas primeiras semanas da guerra. Preocupa-o que sentenças de tribunais internacionais não tenham efeitos práticos mesmo tratando-se de genocídio. Outra vez: de genocídio. Considera que Gaza está ameaçada de ser a sepultura do Direito Internacional.

2. Esta semana apreciei especialmente uma entrevista a um órgão de comunicação italiano do antropólogo, historiador e ensaísta francês Emmanuel Todd. A entrevista (<https://www.sinpermiso.info/textos/no-soy-prorruso-pero-si-ucrania-pierde-la-guerra-sera-europa-la-que-gane-entrevista-a-emmanuel-todd>) intitulada (em tradução livre) Não sou pró-russo mas se a Ucrânia perde a guerra será a Europa que a ganha”, aborda vários temas incluindo a “ideologia transgénero”.

Acerca da guerra na Ucrânia comenta: “Se Rússia é derrotada na Ucrânia, a subjugação europeia aos norte-americanos prolongar-se-á por um século. Se, como creio, os Estados Unidos dão derrotados, a NATO desintegrar-se-á e a Europa ficará libre.”

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  1. Um outro artigo apreciável é da autoria de Micol Meghnagi (<https://www.sinpermiso.info/textos/nace-la-red-de-judios-europeos-por-palestina>), assessora parlamentar na Câmara de Deputados italiana. É sobre a recém-criada Rede de Judeus Europeus pela Palestina – que segue o exemplo da norte-americana Jewish Voice for Peace (Voz Judia pela Paz) – apresentada no Parlamento Europeu em Bruxelas. Reúne em rede diversas associações hebraicas defensoras da Palestina, como a alemã Bund Judío, o italiano Laboratorio Judío Antirracista (LEA) – ativo a nível popular desde 2020 que advoga o fim do apartheid na Palestina – e a francesa Tsedek (“Justiça” em hebreu).

Estou muito grata à revista “Sin Permiso”. Obrigada.

 

05
Out24

Mitologias

José da Praia

Em entrevista ao jornal “Público”, publicada em 20 de setembro (aqui), o historiador Yuval Noah Harari, autor dos livros "21 Lições para o Século XXI", "Sapiens: História Breve da Humanidade", entre outros, e agora "Nexus – História Breve das Redes de Informação da Idade da Pedra à Inteligência Artificial", confirma o que é sabido: os humanos criaram “ficções”, mitologias, fantasias e delas nasceram religiões.

Os conhecimentos científicos vão evoluindo e vão explicando muito do que, antes, por ser desconhecido, era ficcionado. 

As mitologias religiosas tiveram e têm efeitos positivos. Por exemplo construíram-se magníficas catedrais e mesquitas em honra dos respetivos mitos. Mas também houve e ainda há efeitos negativos e até criminosos. E houve e ainda há presentemente mitologias religiosas que dominaram e dominam ou influenciam fortemente alguns países. E guerras entre países que são guerras entre mitologias e até entre variantes de mitologias. E guerras por interesses disfarçadas em guerras entre mitologias. E guerras que as mitologias abençoam.

As mitologias são, em geral, metidas nas cabeças das pessoas em criança e depois, insistentemente, repetidamente marteladas ao logo dos tempos e delas é difícil as pessoas livrarem-se.

Que fazer?

Será preciso divulgar insistentemente os conhecimentos científicos?

Será preciso “desaprender o que foi aprendido” e esclarecer as pessoas desde cedo que as mitologias são o que são: mitologias?

18
Jul24

A guerra na Ucrânia

José da Praia

Para se conhecer a situação na Ucrânia antes da invasão russa de fevereiro de 2022, merece a pena ler ou reler o artigo do jornalista Ricardo Cabral Fernandes publicado no ano 2020, em 21/06/2020, no jornal “Público” (ler aqui).

***

O livro a “A Guerra a Leste” da autoria do jornalista freelancer Bruno Amaral de Carvalho, com prefácio do Major-general Carlos Branco, dá um contributo importante para conhecermos os precedentes e a evolução da guerra na Ucrânia.

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Como repórter de guerra, Bruno de Carvalho esteve no total oito meses nas regiões de Donetsk, Lugansk e Zaporozhye. Enviou reportagens, para canais como a CNN Portugal e o canal público basco Euskal Telebista (EiTB), e para vários jornais designadamente o “Público” (inicialmente), para o jornal galego “Diário Nòs e o basco “Gara”.

Relata-nos acontecimentos dramáticos que presenciou ou que lhe foram narrados em locais atingidos pela guerra. É um testemunho a ter em consideração.

26
Jun24

Uma boa notícia

José da Praia

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A anunciada libertação – finalmente – de Julian Assange é uma boa notícia.

Lembramos que prestigiados jornais internacionais designadamente o New York Times, o Guardian, Der Spiegel, Le Monde, El País revelaram em 2010 documentos importantes disponibilizados pela organização WikiLeaks, associada a Julian Assange, provenientes de whistleblowers que lançaram alertas designadamente sobre as guerras dos EUA no Afeganistão e no Iraque, a prisão de Guantánamo, etc.

Recorda-se também que Julian Assange foi submetido inicialmente a litígios judiciais na Suécia. Nils Melzer, relator da ONU contra a Tortura, ficou estupefacto com os abusos de procedimentos legais que teriam sido cometidos na Suécia para deter uma pessoa sem motivo de acusação.

Julian Assange obteve asilo político na embaixada londrina do Equador em 2012 durante a presidência de Rafael Correia e quase sete anos depois, em 11 de Abril de 2019, com outro presidente, depois de lhe ser retirada a nacionalidade equatoriana que adquirira, foi expulso da embaixada, sem qualquer garantia, para ser preso logo de seguida pelas autoridades britânicas, por solicitação dos EUA que pediam a sua extradição e onde poderia ser condenado a prisão perpétua (“até 175 de prisão”) e inclusive a pena de morte (que seria excluída para poder haver extradição).

Os regimes de isolamento a que Assange foi submetido em Londres ao longo de cinco anos na prisão de alta segurança de Belmarsh – isolado 23 horas por dia numa cela de dois por três metros – foram classificados como “tortura” pelo referido relator da ONU contra a Tortura, o suíço Nils Melzer que visitou Assange na prisão, acompanhado por dois médicos especializados, em maio de 2019. Nils Melzer, que considerou Julian Assange um preso político, publicou sobre o dossier Assange o livro The Trial of Julian Assange - A Story of Persecution” (“O Processo de Julian Assange – Uma História de Perseguição”).

Recordamos também as organizações internacionais, designadamente a Amnistia Internacional, Repórteres Sem Fonteiras, Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, etc., que protestaram contra a perseguição a que Assange foi submetido.

Julian Assange livre! Viva!

15
Abr24

mais pensamentos sobre a guerra recolhidos por Rosa Pinho

José da Praia

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GIBBON – "A acreditar em Tito Lívio, os Romanos conquistaram o mundo em defesa própria."

NIETZSCHE, Friedrich – "Dizes-me que é uma boa causa que faz uma boa guerra? Pois eu digo-te que uma boa guerra faz qualquer causa."

MONEDERO, Juan Carlos – "En la guerra, la primera víctima no es la verdad, sino la humanidad y, en paralelo, la inteligencia."

WELLINGTON, duque de – "Depois de uma derrota, a coisa mais triste que há é uma vitória"

EINSTEIN, Albert – "A guerra é a coisa mais desprezível que existe no mundo. Preferia deixar-me assassinar que participar nessa ignomínia."

EINSTEIN, Albert  – "Eu não sei como os homens vão lutar na III Guerra Mundial, mas sei que na IV vai ser outra vez com paus e pedras."

25
Mar24

Gaza e a Bíblia

José da Praia

“Gaza era a maior prisão a céu aberto. Agora é o maior cemitério.”

– Josep Borrel, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros.

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O primeiro-ministro de Israel, Sr. Benjamin Netanyahu, invocou a Bíblia para justificar as ações militares na Faixa de Gaza após os massacres de 7 de Outubro de 2023. Comparou mesmo a intervenção militar israelita em curso com o extermínio bíblico que o povo judeu praticou sobre os Amalequitas (1 Samuel 15:3) …

Mas será um argumento convincente? E será moral?

Os tempos são outros.

É claro que os livros sagrados, como por exemplo a Bíblia, são muito antigos, de tempos em que as mentalidades e os conhecimentos humanos eram próprios das épocas primitivas em que foram escritos. Desconhecia-se o que está no céu para além das nuvens; desconhecia-se que a Terra gira à volta do Sol; desconhecia-se que o Sol é uma estrela comum entre mais de 200 mil milhões de estrelas de uma galáxia comum, a Via Láctea, entre as muitas miríades de galáxias que povoam o nosso Universo; desconhecia-se que o universo se iniciou com uma explosão, o Big-Bang, há cerca de 14 mil milhões de anos; desconhecia-se a evolução das espécies; desconheciam-se os aviões, os telescópios, os satélites artificiais, as sondas espaciais, as viagens espaciais; estava-se longe da abolição da pena de morte; não havia direito internacional nem a Convenção de Genocídio, etc., etc., etc.

Soubessem o que se sabe hoje, as «alegorias dos poetas da Bíblia» seriam diferentes.

Mudam-se os tempos, mudam-se as mentalidades, mudam-se os conhecimentos, mudam-se as vontades.

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10
Jan24

A evolução e as condições de vida na Terra

José da Praia

Uma imagem muito sugestiva da evolução das espécies ao longo dos tempos é apresentada pelo biólogo darwinista Richard Dawkins em "La ciencia en el alma" "Textos escogidos de un racionalista apasionado" que se leu num leitor de livros (e-reader) – o que facilita a consulta imediata de dicionário.

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O autor de "Evolución. El mayor espectáculo sobre la Tierra" (“The Greatest Show on Earth), "O Relojoeiro Cego", "A Desilusão de Deus", entre outros, apresenta então a seguinte imagem sobre a evolução das espécies ao longo dos tempos: 

Estando uma pessoa de braços abertos e estendidos, então desde a ponta dos dedos da mão esquerda até um pouco além do ombro direito a vida é bacteriana: apenas há bactérias. A vida animal começa algures perto do cotovelo direito. Os dinossauros aparecem a meio da palma da mão direita e desaparecem por volta da última articulação dos dedos. A vida do Homo sapiens e o seu predecessor Homo erectus (espécime entre os primeiros membros reconhecíveis do género Homo) será representada pela espessura da unha.

A nossa espécie tem pois ainda pouco tempo de vida. Convirá que se assegurem condições sustentáveis de vida na Terra para que a espécie humana sobreviva no nosso planeta nos tempos futuros. E possa até expandir-se para outros planetas e exoplanetas.

Perante a crise ambiental e climática a generalidade dos cientistas manifesta-se pela necessidade de reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e proceder a uma descarbonização da atmosfera a fim de manter as condições de vida humana na Terra. Outros, mais raros, têm opinião diferente. É muito provável que sejam os primeiros que estejam certos, como tudo indica, embora não seja por serem maioritários que necessariamente têm razão. Na dúvida, se ela existir, deverá proceder-se segundo o princípio da segurança, isto é, deverá adotar-se o critério que assegure mais segurança, ou seja, aquele que garanta a manutenção das condições de vida no planeta.

 

 

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